Crônica de Marcelo Mirisola

"Estudei num colégio adventista no final dos setenta, o Luzwell, éramos semi-internados. Ou quase castrados, tanto faz. Um dia fui convidado a me retirar do colégio por Rubão, o diretor-pastor.
Rubão também era um cara soturno e sádico que distribuía “croques” na cabeça dos alunos. Foi ele quem me mostrou um quadro cheio de alfinetes coloridos. Os alfinetes, segundo a didática do Rubão, serviriam para “graduar o comportamento dos internos”. Eu tinha quatro alfinetes negros espetados no meu nome. Até hoje não entendo porque me espetaram daquele jeito. Quero dizer que fui um garoto discreto, amedrontado e, na medida da verossimilhança, safo.
Apanhei um bocado naquele maldito lugar. E planejei algumas vinganças, porém nunca sujei as mãos de sangue: desde aquela época meu prazer consistia em articular minha desgraça junto à desgraça dos outros; cavar buracos cujas vertigens eu fazia questão de deliberar de acordo com o troco a ser implementado. Confesso que é difícil não me gabar: mas sempre fiz as escolhas adequadas. Tanto fazia se errava ou acertava no alvo." continua

Um comentário:

Unknown disse...

Eu partilho de sua indignação Marcelo, odiava mais do que qualquer outra coisa, a hora do "rango", sempre ficava esperando uma picanha, como uma autêntica "T-Rex", mas só me vinham com os malditos bolinhos de soja....